Quando
abri meus olhos naquela noite fria de verão escaldante, repensei os
fatos. Coloquei-os ao lado dos sonhos, reorganizei aquela disposição
improvisada e jurei que seria pela última vez. Eram recortes de
perspectivas superestimadas, criadas por mero acaso. E como eu estava
cansado. Pus-me de lado no avesso do pensamento torto e não soube
mais dizer qual seria o sentido correto da força da gravidade.
Há
certo grau de confusão enquanto transcrevo tais fatos, mas peço
paciência. Há sempre de se encontrar uma linha cronológica que faça
algum sentido após todos os argumentos estarem dispostos sobre a
mesa.
Ao
lado do cofre do quarto dos fundos, havia um molho de chaves. Uma delas
poderia ser magenta ou mesmo de qualquer outra cor, toquei-a para ter
certeza da textura. E foi como trocar de roupas sem grande esforço
após um banho quente no ápice do inverno. Mas fora a nudes que me
causara espanto.
Eu
queria encontrar o ponto simétrico dos pensamentos que escorriam sem
sentido, mas isso não cabia na lógica do tempo e espaço de tamanha
companhia sem solidão que se alocara do lado de fora. Seja como for,
tomei coragem para despertar da nova camada de ilusões e procurei em
meu interior por bons motivos que fizessem calar a voz bifurcada que
me ditava padrões. Na intenção de salvá-los do afogamento, trouxe
à margem do oceano de mim mesmo uma coleção ímpar de argumentos
irrefutáveis, mas só para vê-los se afogar na areia.